Fee Fixo é Mais Caro ou Barato para o Cliente?

Quando um assessor de investimentos precisa escolher entre o modelo fee fixo ou o comission based, é comum surgir a dúvida sobre qual opção é mais econômica para o cliente. Embora o fee fixo possa parecer mais caro à primeira vista, ao analisar com profundidade, percebemos que ele pode, na verdade, ser a opção mais vantajosa a longo prazo, tanto para o cliente quanto para o assessor. Neste artigo, vamos fazer cálculos comparativos, explicar o custo de oportunidade e trazer dados de um importante estudo sobre alocação de longo prazo, que demonstra como o fee fixo pode ser mais eficiente para maximizar os retornos do cliente.

Como Funciona o Fee Fixo?

O fee fixo é um modelo em que o assessor cobra uma porcentagem fixa anual sobre o patrimônio que ele gerencia. Essa taxa é cobrada mensalmente, mas o percentual acordado é baseado em um valor anual. O principal benefício desse modelo é a previsibilidade: o cliente sabe antecipadamente quanto pagará, eliminando as surpresas causadas por comissões variáveis. No Brasil, essa taxa gira em torno de 1% ao ano.

Diferente do fee fixo, o modelo comissionado (comission based) remunera o assessor por comissões sobre cada operação realizada, geralmente em torno de 0,5% ao ano, dependendo do volume de transações. Apesar de parecer mais barato inicialmente, o comissionado pode gerar um custo significativo ao longo do tempo devido à rotatividade de ativos, que não apenas aumenta os custos para o cliente, mas também impacta negativamente a rentabilidade líquida da carteira.

Comission Based: Menos Transparência, Mais Giro

No modelo comissionado, o cliente paga uma taxa proporcional ao número de operações realizadas. Vamos supor que o cliente tenha uma carteira de R$ 1 milhão e o assessor gere 0,5% ao ano em comissões, resultando em R$ 5.000 ao final do ano. Esse valor parece razoável, mas esconde um custo mais elevado para o cliente. No modelo comissionado, o assessor tem o incentivo de girar a carteira — realizar mais operações para aumentar as comissões — mesmo que isso não seja o melhor para o cliente.

Ao aumentar a rotatividade da carteira, o cliente perde a oportunidade de consolidar uma estratégia de longo prazo, que muitas vezes é mais vantajosa. Esse fenômeno é conhecido como custo de oportunidade, já que a rotatividade excessiva impede que o cliente colha os benefícios dos juros compostos em uma alocação estável.

Custo de Oportunidade: Fee Fixo Aumenta a Rentabilidade

No fee fixo, o assessor tem o incentivo de maximizar a rentabilidade dos produtos, uma vez que seu ganho não depende da quantidade de operações. Isso abre espaço para que ele possa buscar taxas melhores para o cliente.

Imagine um produto que paga 10% ao ano, com uma comissão de 0,7% para o assessor. No modelo comissionado, o assessor teria interesse em manter essa comissão. Já no fee fixo, o assessor pode melhorar a taxa do produto para 11%, reduzindo a comissão para 0,5% ou menos, já que ele não depende mais dessas comissões. O cliente acaba recebendo um rendimento maior — e tudo isso sem pagar mais do que os 1% anuais acordados no fee fixo.

Esse incentivo do fee fixo torna a relação mais transparente e benéfica para o cliente. O assessor pode ajustar as taxas dos produtos e garantir que o cliente obtenha a melhor rentabilidade possível, sem estar preso à necessidade de gerar comissões por movimentações frequentes.

Estudo do Livro Triumph of the Optimists

O livro Triumph of the Optimists: 101 Years of Global Investment Returns, de Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, é uma das pesquisas mais robustas sobre os retornos de investimentos ao longo de um século. O estudo abrange mais de 16 países e revela como diferentes classes de ativos performaram ao longo do tempo, destacando que estratégias de longo prazo superam consistentemente aquelas baseadas em tentativas de acertar o timing do mercado ou rotatividade excessiva.

Os autores analisaram dados de retornos reais de ações, títulos e ativos de renda fixa, mostrando que manter uma estratégia de alocação de longo prazo é a melhor maneira de construir riqueza. Ao contrário de estratégias que envolvem muitas operações, a alocação estável minimiza custos e aumenta os ganhos, pois o investidor pode aproveitar melhor os juros compostos.

De acordo com o estudo, os investidores que buscaram temporizar o mercado ou realizaram muitas operações acabaram com retornos líquidos menores devido aos custos de transação e ao risco de perder os melhores momentos de alta do mercado. Esse conceito se aplica diretamente ao modelo comissionado, onde o cliente acaba incorrendo em mais custos por conta da rotatividade excessiva da carteira, enquanto no fee fixo o foco é o crescimento sustentável dos ativos ao longo do tempo.

Cálculo Comparativo: Fee Fixo vs. Comissionado

Vamos agora ver como o fee fixo se compara ao modelo comissionado na prática. Consideremos um cliente com uma carteira de R$ 1 milhão.

  • Modelo Comissionado (Comission Based):
    • O cliente paga 0,5% ao ano em comissões, o que resulta em R$ 5.000 por ano. Esse valor depende da quantidade de operações realizadas e pode variar conforme o volume de transações.
    • O assessor pode optar por produtos que paguem comissões mais altas, sacrificando a rentabilidade líquida do cliente.
  • Modelo Fee Fixo:
    • O cliente paga 1% ao ano, ou R$ 10.000, sem comissões adicionais. No entanto, o assessor tem a liberdade de melhorar as taxas dos produtos, já que não depende das comissões. Se o assessor ajustar a taxa de um produto de 10% para 11%, o cliente terá um rendimento maior, compensando o valor pago no fee fixo.
    • Ao longo do tempo, esse aumento de rendimento gerado pelo fee fixo pode ser ainda mais vantajoso devido ao efeito dos juros compostos.

A Vantagem dos Juros Sobre Juros no Fee Fixo

O fee fixo permite que o cliente aproveite ao máximo os benefícios dos juros compostos. Quando o assessor melhora as taxas dos produtos e reduz as comissões, o retorno adicional é reinvestido, o que aumenta exponencialmente o saldo da carteira ao longo do tempo.

No modelo comissionado, o cliente perde uma parte significativa desse efeito, já que as comissões reduzem o montante disponível para reinvestir. Isso impacta negativamente os retornos a longo prazo.

Quem Realmente Perde com o Fee Fixo?

Enquanto o cliente e o assessor saem ganhando com o fee fixo, quem perde são as corretoras. No modelo comissionado, a corretora lucra com cada operação, independentemente de ser benéfica ou não para o cliente. No fee fixo, o volume de operações tende a ser menor, já que o foco está em maximizar a rentabilidade e não em gerar comissões. Isso reduz a receita das corretoras, mas favorece o cliente.

Conclusão: Qual Modelo é Mais Benefício para o Cliente?

Ao analisar todos os pontos, fica claro que o fee fixo oferece uma solução mais transparente, alinhada com os interesses do cliente e mais eficiente a longo prazo. O cliente não apenas ganha previsibilidade em seus custos, mas também pode desfrutar de rentabilidades maiores, sem o impacto das comissões. O foco do assessor, nesse modelo, é em maximizar os retornos e melhorar as taxas dos produtos, e não em aumentar o número de operações.

E você, qual modelo acredita que proporciona mais valor e segurança ao cliente a longo prazo?


Assista aqui ao vídeo onde explico como aumentar o ROA trabalhando menos:
Link do vídeo do YouTube

Quer saber mais sobre como fazer um pitch para cobrar no fee fixo? Confira este artigo:
Pitch para Assessor de Investimentos Cobrar no Fee Fixo


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